quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Labirinto

Passo por passo, segundo por segundo
Assim vou vivendo, sentindo, seguindo
Os momentos já não parecem ser em vão
Os meus sorrisos estão mais sinceros
As minhas alegrias fazem mais sentido
Os meus desejos parecem ter fundamento...
Me sinto feliz.

Não estou completa, algo falta
Mas não quero saber o que é
Se não tenho agora é porque não preciso
Se me sinto feliz, é porque posso viver.

Se alguém quiser atravessar minha serenidade,
Eu direi: - Não.
Mas se alguém compreender minha insanidade,
Eu direi: - Sim!
Mas se ninguém me diz nada, o que fazer?
O mesmo, ora! Nada.

O meu sangue corre nas veias entre duas paredes sensíveis,
A felicidade é o que eu busco, a infelicidade é do que eu fujo. Enquanto houver equilíbrio eu respirarei cada vez com mais vontade de me encontrar.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O fim

O que o tempo faz?
Do que ele é capaz?
Ele passa que nem se vê.
Ameaça que nem se crê.

Eu posso amar um tempo
Eu não sei amar direito
E pode até passar o tempo
Sei que isso não tem conserto.

Em tempo, foi feliz,
Eu fui feliz,
Eu o fiz feliz,
Não somos mais assim.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sem sentido

Os olhos, que um dia brilharam, estão fechados.
As mãos, que se moviam docemente, estão inertes.
As lembranças, que formavam uma vida, se apagaram.
Tudo, físico ou não, se foi.

O calor, que mantinha o corpo, esfriou.
As palavras, que saíam da boca, se calaram.
O som, que era ouvido, agora é ignorado.
Que banal é a morte, quem a criou?

Depois de tudo, o nada.
Construir para deixar para trás,
Se leva algo daqui?
Ninguém sabe, dos mortais.

Dizem que os erros são levados,
Os pecados contestados,
O acertos cobrados.
Mas, e daí?

Para que nascer, crescer, procriar?
Para envelhecer e morrer?
Não faz nenhum sentido viver...
A vida não pode ser tão banal.


Para que existe o mundo?
Por quê? O que há além daqui?
Perguntas tão vazias de respostas.
Não há porque fazê-las, enfim!

Então, viva. Cada dia.
Porque tudo isso aqui... Não faz mesmo sentido.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Retrato Externo

Eu sou passiva de passagens.
Eu mudo aos moldes das idéias loucas.
Eu não percebo as não-mudanças.
Eu não procedo intenções.

Eu não intenciono agressões.
Eu reajo a pensamentos infames.
Eu dou risada do que eu não sei.
Eu toco o externo com um suspiro.

Eu disse a mim que cuidaria de mim.
Eu menti pra mim.
Eu me menti.

Eu talvez não exista.
Eu talvez nem seja.
Mas isso, eu não quero saber.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Eu desisto


Faça de conta que você entende tudo o que eu digo.
Faça de conta que você se importa com o que eu penso.
Faça de conta e me faça acreditar que você lembra de mim.
Faça de conta e brinque comigo, de um jeito menos cruel.

Vamos brincar de inventar histórias de amor.
Vamos brincar de acreditar que elas dão certo.
Vamos brincar de não estar na vida real.
Vamos brincar de estar tudo bem de novo.

Se a gente sente coisas boas elas são para sempre?
Quem pode destruí-las?
Qual o efeito máximo de uma dor?
O silêncio é o grito mais desesperado.

Eu olho para o meu reflexo sem querer acreditar que ele está ali.
Eu olho para o meu reflexo tentando entender se eu mereço tudo isso.
Eu olho para o meu reflexo e paro por um instante.
Eu olho para o meu reflexo e desisto de tentar entender.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Enigma do medo

Rostos nublados e enigmáticos
Mãos frias e preocupadas
Gargantas secas
E uma vontade contida de gritar.

Olhos vagos de pensamentos
Bocas vazias de palavras
Momento estático
E um arrepio congelante pelo corpo.

Talvez o último dia
O último momento tenebroso
Quem sabe o que houve?
Nem quem esteve lá se lembra.

A lembrança repugnante atormenta
Os espelhos parecem escutar
Tudo aquilo que se diz em pensamento
Invade espíritos e destrói sem falhar.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Desagarro

Não desista
Não se limite
Faça o que há para ser feito

Quebre o meu sorriso
Destrua meu pensamento
E faça, sem hesitar ou mentir, o que quiser.

Viva sem mim, e me obrigue a fazer o mesmo
Me mate de chorar, triplique a minha angústia
Mas seja feliz.

Desgoste seu passado, esqueça-o.
Recomece, invente e seja
Tudo aquilo que, mesmo sem saber, eu não te deixei ser.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Chuva

Preste atenção na chuva
Ouça o que ela tem a lhe dizer
Escute a voz suave do vento
Entenda o que você tem a fazer
A vida não é feita de fantasias
Tudo tem seu preço para se realizar
Mas vale a pena mergulhar nas suas utopias
Para fugir da verdade que aí está

Escute o canto suave da chuva
As gotas desenhando um leve pranto sobre você
O vento grita tentando abrigar-se
Nada mais consegue do que se render
Gotas de cristal, de prata que caem do céu
Um paraíso intocável que parece irreal
Posso ver no fundo da tua alma o gosto de fel
Vejo que morres para fugir de todo o mal

Não temas! Entregue-se...
Ao prazer e o pesar
De mergulhar nessa mistura doce
De vento de chuva
De beleza e dúvida
De sofrimento e mágoa
De ar e água
De real e sonho
De vivo e morto

Os raios de luz que partem dos teus olhos
Me acalmam numa doce angústia
No meu pecado de amar
No meu erro te sofrer
Em insistir no existir
Pensando só em mim
Sem medo de morrer.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Desconhecer

Fugir ou continuar?
Insistir ou fragmentar?
Perder ou acertar?
É medo? O que há?

Mão na mão
na
Boca na boca

Sentimento inanimado
Coração acelerado
Acontecimento inesperado
Amor calado?

Dia após dia
após
Noite após noite

Sofrimento intenso
Clima denso
Tempo extenso
Momento propenso?

Gota em gota
em
Vento em vento

Estação de clima inanimado, desconhecido, descontrolado.
Estado de espírito confuso, novo, desequilibrado.
Mão na noite após dia na boca de gota em gota, de vento em vento.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Intravenal

Eu não quero me isolar
Eu quero as saudades
Eu quero a nostalgia
Eu quero me libertar.

Não quero mostrar o vazio que existe dentro de mim
O que me falta está dentro de você
Aqui dentro está sombrio
Eu só não quero que você me deixe ir.

O céu está tão tão cinza e frio
Eu não consigo me acalmar
Afogar minhas vontades, cadê você?
Eu falhei, eu sei que fui eu.

Gotas de um sentimento
inacabado, não lapidado, morto.
Paradoxo, um sangramento intravenal
Um amor morto.