quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Paz

Hoje sou dominada por um sentimento que toma conta de mim. Que toma conta de todos os lugares onde vou.
Sou outra. Sou eu. Novamente ou apenas agora, mas não importa. A vida se tornou palpável e palatável para mim de novo.
Voltei a experimentar. Planejar. Desejar. Querer. Arriscar.
Sinto o gosto disso tudo, moldo minha vida com a ponta dos meus dedos. Sem expectativas.
Nunca poderia imaginar que essa paz estaria a tão poucos metros de mim.
Amo-te, paz.
Amo teus olhos, amo tuas mãos.
Amo teu cheiro, amo teu abraço.
Amo o que temos.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Rouba as Palavras

Hoje eu acordei sozinha, a cama tava um frio que só. Senti vontade de te abraçar, não deu.
Senti vontade de ter aquele toque delicado no meu rosto, o afago nos cabelos, aquele olhar tímido quase inocente. Não tive.
Senti vontade de embriagar-me com seu cheiro, de morder o seu pescoço, de me encantar um pouco mais ainda com sua delicadeza. Não deu.
E não é só o cheiro excelente, as mãos macias, o olhar de ternura infinita. É mais que isso.
É uma paz tão sublime, é uma tranquilidade imensa. É vontade de te roubar pra mim.
É não entender como tudo é tão bom, mas não fazer questão disso.
É não fazer questão de nada. É querer apenas um carinho. Um afago. Um olhar terno. Um sorriso. Daquele que desmonta, desconserta. E rouba as palavras.

sábado, 4 de junho de 2011

Vazio, nada, breu e afins.

Conviver com a solidão é menos apavorante do que parece. Ela tem me feito uma boa companhia. Não que alguém se importe, mas enfim.

De algum modo, quando a gente começa a enfrentar uma bola de neve de coisas inesperadas a gente pára e reflete sobre como está vivendo, e também se quer viver assim. Coisa de gente normal.

Tudo de mais interessante perde a graça, perde aquele encantamento característico de quando tudo tá no seu lugarzinho certo, de quando sua vida está organizada. Isso mesmo, organizada.

Não que eu seja amante das rotinas, bem, de fato realmente não sou, mas saber pelo menos que você terá algo pra fazer amanhã é bom. Na verdade, não é a rotina que é boa, é ter algo pra fazer, que você goste, todos os dias. Não precisa ser a mesma coisa. Só precisar ter algo pra fazer, deitar no travesseiro e pensar "hm, amanhã eu vou ter aula disso, daquilo". É só saber que você terá um motivo pra acordar, levantar da cama e existir.

O problema é quando a rotina é vazia, é quando você sabe exatamente como será seu dia desde a hora que acorda, e pior, sabe que não terá nada de interessante nele, e que ele será apenas mais um dia besta e vazio na sua vida. Como ontem. Como amanhã. É angustiante.

Estou que é pura angústia, mas nem é sofrimento. É uma angústia estagnada da previsibilidade, eu odeio previsibilidade. Parcial é bom, uau, sei que farei algo de bom amanhã. Mas saber sempre tudo que irá acontecer, e tudo do mesmo jeito, sem o gosto da novidade, do inesperado, é tão chato. É tão... Comum e besta. É isso, minha vida está muito besta. E sabe o que é pior? Não me bate o ímpeto de "ah, hoje vou mudar isso!". Não, eu fico esperando, até que tudo volte ao normal. Vai voltar, eu sei. E também, por mais que esteja bem sem graça tudo isso, o que eu poderia fazer mesmo? Nada. É isso que eu to fazendo, nada.

Uma hora tudo se ajeita, enquanto isso eu vivo aqui, minha inércia aceitável. Minha angústica estagnada. Minha falta do que fazer.

sábado, 14 de maio de 2011

Um velho despertar

Ela acordou em mais um dia comum, com uma cara comum, um cabelo comum de um jeito comum. Mas uma névoa de mentira pairava sobre sua cabeça, e ela não sabia bem de ontem vinha tudo isso.
- Nossa, mãe, não acordei muito bem. Mãe?
Parecia o gosto desconhecido e assustadoramente peculiar de uma solidão inédita, ela, afinal, nunca havia estado completamente só. Talvez apenas meio só, de um jeito que sempre haveria o colo de alguém para procurar.
- Mãe?
E mais silêncio.
Talvez fosse melhor permanecer em casa, uma hora tudo haveria de voltar ao normal. Mas não era sua casa, não era seu lugar. Não era sua vida, não era o que ela havia vivido até ali. nada estava igual, tudo mudara repentinamente, sem sua permissão, ou sem que ao menos ela pudesse esperar. Ela estava vazia. E vivia o vazio de dentro para fora, externando tudo o que lhe havia de nada, preenchendo tudo com absolutamente nada. Só.
- Mãe?
Então ela decidiu que era hora de enfrentar, e, de finalmente, abrir os olhos. Mas veja, o vazio nem é tão inédito assim, só havia sido ausente por alguns anos. Alguns anos de preenchimento completo, e ela só estava mal-acostumada.
- Filha? Acordou?
- Oi, mãe. Que bom que está aí.
- Está tudo bem?
- Sim, apenas estou sozinha. De novo.
E, de uma hora para outra, viu-se completamente só outra vez. Achou que fosse inédito, mas, na verdade, só havia esquecido como era. Felizmente, junto a tudo se lembrou que sobreviveu, e que, por fim, às vezes se bastava a si mesma.
- Só achei que já tivesse visto isso antes, mãe.
Nem tudo é verdade, mas também não se torna mentira só porque não se conhece.
Continuou...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Olha só.

Oi, meu amor. Hoje eu gostaria de te ligar. Gostaria de acalentar essa saudade agourenta que sinto em meu coração através de sua voz. Um martírio não poder.

Poxa, meu amor. Como tudo isso foi nos acontecer? Toda aquela completude pareceu se esvair no vento, bem debaixo de nossos olhos, e agora estamos aqui. Distantes. Me mata não saber como você está, como foi o seu dia. Me mata não saber de você.

Olha só, meu bem. Eu espero que você esteja bem. Eu espero que ainda pense em mim. Com aquela ternura infinita que só os seus olhos são capazes de traduzir.

Me perdoe, por toda minha incapacidade de ser. Me desculpe, por já não me encaixar mais em sua vida. Me desculpe, por não te deixar confortável mais quando pensa em mim. Perdão.

Meu amor. Eu já não consigo mais esperar nada deste futuro maldito. É impossível pra mim pensar em um futuro sem o seu afago, está sendo difícil seguir a vida assim.

Meu bem. Por mais que a gente saiba a quase impossibilidade do tempo voltar e tudo se restabelecer, eu ainda sonho com isso. Nos meus sonos mais profundos, que me tiram completamente desta realidade crua e sem vida, dessa circunstância de sua ausência.

Olha só, meu amor. Apesar da vontade inescrupulosa que tenho de ter pra mim, só pra mim, se você quiser ir, eu deixarei que vá. Se isso for te fazer melhor e mais feliz, meu bem, então vá. Apenas exijo que seja feliz. Não suportaria em minha existência conviver com sua tristeza.

Querido. Sei que nosso amor passa por uma fase difícil, talvez mortal de sua existência. Mas meus pensamentos nunca se perderão dos seus, e nossos planos nunca serão jogados numa gaveta empoeirada de coisas inúteis em minha memória.

Penso em nós todos os dias. Todos os segundos. Todos os minutos. Inevitavelmente, tudo me lembra você. Em meio às recordações de nossa linda vida juntos, vejo que meu amor ainda pulsa, forte como no primeiro segundo de vida dele, somente à espera do seu.

Olha só, meu amor. Espero ainda poder te chamar assim. O “pra sempre”, nem sempre acaba.

Eu vou te esperar.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O que eu tinha perdido

Hoje me vejo só entre as poucas paredes desse apartamento quente, úmido e pequeno. Havia muito tempo que não me sentia assim. Não é uma solidão ruim, é uma solidão boa. É um sentimento que eu basto a mim mesma. Não é uma questão de egoísmo, é de sentir que eu não sou mais tão dependente de alguém, de que eu realmente aprendi a me virar. Sozinha.

Só hoje me vejo com clareza, depois de tanto tempo, Deus. Me perdi no vão dos meus próprios dedos, acho que passei um certo tempo com preguiça de viver o que sou intrinsecamente, pelo trabalho que dá. Oh, sim, é difícil lidar comigo mesma, quase sempre. Quase todos os minutos do meu dia.

Por muito tempo vivi fugindo de minha própria natureza como se ela fosse algo condenativo, algo com o qual eu não pudesse conviver. Pura mentira, daquelas mais cínicas e mal contadas. Hoje consigo olhar para mim mesma, e veja só, bingo, tenho de novo um mínimo de segurança de poder ser eu, de confiar em mim. Hoje eu me jogaria de um penhasco confiando em mim mesma pra me segurar. Ontem, não.

Eu estava vivendo numa extensão de mim, num anexo que era provisório e se tornou parte integrante de uma eu farsante que nem eu mesma conseguia decifrar. Rompi laços. Recomecei. Estou dialogando novamente com o que eu acho, com o que eu quero. Com meu eu.

Me dei a mão de novo. Agora somos nós duas juntas de novo.

Eu e eu mesma.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O impulso que me falta

O impulso que me falta para escrever é esta maldita tristeza. Olha ela aqui, olhe bem para mim, chorando e escrevendo, mais uma vez.

Me sinto derrotada, mais uma vez. Me sinto ridícula, me sinto vencida. O impulso que me falta quase me falta o pulso. Respiro, sobrevivo. Escrevo quando me sinto acabada. As palavras me dão o fôlego que me falta.

Queria arrancar parte de mim, queria conseguir viver só por mim mais uma vez, queria. Desejo, sofro. Me torturo, me mato, me despedaço. Por quê?

Descobri que amar não é o suficiente e descobri que eu ainda não desaprendi a me machucar. Queria não sentir. Melhor seria, quão melhor seria...

sábado, 9 de abril de 2011

Vivendo nostalgicamente

Há muito tempo observo que eu vivo nostalgicamente.

Saudade de épocas, de pessoas, de tempos, de rotinas, de cheiros... Saudade de tudo. Sou uma pessoa movida pela saudade.

A saudade me faz falta, me sinto desanimada sem ela. Mas, hoje ela voltou, numa intensidade que me fez chorar. Não há nada mais dolorido que chorar de saudade. É uma dor que não passa. É um angústia irresolvível. Não dá pra driblar a saudade, ela está ali, você está sentindo-a, e não pode fazer nada, pois ela continuará ali, lhe perturbando, lhe fazendo chorar numa angústia interminável.

Apesar de tudo, saudade pode ser o remédio pra momentos de tédio e indiferença. Saudade pode lhe dar a dimensão exata do que você sente e do quando e como você quer algo ou alguém. A saudade responde perguntas, perguntas que surgem quando ela se acalma do canto desconfortável do costume.

Um antídoto para a saudade é a rotina. Para ter saudade, é preciso possuir a angústia da dúvida, o incômodo do medo de não ter mais, o não saber, o querer e não poder naquele instante. A rotina responde todas as suas perguntas. A rotina é calmante para quem já está com sono.

E vivo nostalgicamente, e, às vezes, tento transformar meu presente previsível em algo totalmente novo, para que eu mesma me surpreenda. Quem não gosta de surpresas? Boas, é claro.

Se pareço inconveniente, irresponsável, louca ou algo do tipo, entenda, vida minha, é porque lhe quero com emoção.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Passional

Às vezes me sinto tão pequena. Tão sozinha e vulnerável em meio a um universo tão grande. Às vezes.

Na maioria das vezes me sinto mesmo é ameaçada. Ameaçada de perder o que mais amo, as pessoas que mais amo. Aí fico agressiva. Aquele instinto selvagem. Animalesco e descontrolado.

Mas, no fundo, sei que tudo isso é fruto do meu jeito passional. Amo demais. Odeio demais. Choro demais. Brigo demais. Mas é porque amo. Amo muito e profundamente. Verdadeiramente. Meu combustível é o amor. E eu não sou nada se não puder amar.

Meu calcanhar de Aquiles é o meu coração. Me odeie de uma só vez, mas não me ame e depois me decepcione ou me magoe. Isso me faz ficar fraca a ponto de questionar o valor da vida.

Sou intensa. Intensa a ponto de perder o controle sobre mim mesma.

Mas, sei com muita certeza, que esta é a forma mais bela de existir. Existo porque amo. Amo porque existo.