quinta-feira, 14 de abril de 2011

O que eu tinha perdido

Hoje me vejo só entre as poucas paredes desse apartamento quente, úmido e pequeno. Havia muito tempo que não me sentia assim. Não é uma solidão ruim, é uma solidão boa. É um sentimento que eu basto a mim mesma. Não é uma questão de egoísmo, é de sentir que eu não sou mais tão dependente de alguém, de que eu realmente aprendi a me virar. Sozinha.

Só hoje me vejo com clareza, depois de tanto tempo, Deus. Me perdi no vão dos meus próprios dedos, acho que passei um certo tempo com preguiça de viver o que sou intrinsecamente, pelo trabalho que dá. Oh, sim, é difícil lidar comigo mesma, quase sempre. Quase todos os minutos do meu dia.

Por muito tempo vivi fugindo de minha própria natureza como se ela fosse algo condenativo, algo com o qual eu não pudesse conviver. Pura mentira, daquelas mais cínicas e mal contadas. Hoje consigo olhar para mim mesma, e veja só, bingo, tenho de novo um mínimo de segurança de poder ser eu, de confiar em mim. Hoje eu me jogaria de um penhasco confiando em mim mesma pra me segurar. Ontem, não.

Eu estava vivendo numa extensão de mim, num anexo que era provisório e se tornou parte integrante de uma eu farsante que nem eu mesma conseguia decifrar. Rompi laços. Recomecei. Estou dialogando novamente com o que eu acho, com o que eu quero. Com meu eu.

Me dei a mão de novo. Agora somos nós duas juntas de novo.

Eu e eu mesma.

2 comentários:

Haísa Lima disse...

Gabi, se nunca lhe disse, digo agora: sou absolutamente fã da tua escrita.
=)

Juliana disse...

Primeira visita a teu blog, e nao pude deixar de comentar pq me identifiquei com teu proprio modo de escrever e sentir. Eu tenho luas no sentido de me distanciar de mim mesma, isso é de épocas... Abraço, Gabriella!